Histórico do tratamento e classificação das doenças cronicas venosas

No ano de 1628, o médico britânico, William Harvey descreveu a existência das válvas venosas, onde elas desenvolvem um grande papel na função de reduzir a coluna de sangue intravenosa do tornozelo ao átrio. A partir de meados do século XVII até o final do século XX, a ausência de precisão e de padronização no diagnóstico e tratamento de doenças crônicas vasculares foi marcante no mundo inteiro.

A primeira classificação venosa mais utilizada, foi desenvolvida por Widmer em 1978. Ela era baseada no percurso natural da DCV e foi dividida em três fases da DCV. Essa classificação foi um grande avanço, mas a falta de especificidade entre os estágios I e II limitou a reprodutibilidade e a utilidade clínica do sistema Widmer. A ausência de integração clínica e fisiológica na classificação de Widmer foi abordada por Partsch em 1980, que adicionou avaliações funcionais adicionais das subclasses de DCV, com base no envolvimento anatômico de veias superficiais, perfuradores e profundas.

Sytchev propôs em 1985 que esses testes fossem substituídos por exame de ultrassom duplex, e este sistema modificado provou ser um sistema de classificação mais prático. No mesmo ano, Pierchalla e Tronier refinaram as definições patológicas defendidas por Olivier e Merien, e também propuseram diferenciar a doença primária e secundária (pós-trombótica).

Durante a 5ª reunião da American Venous Forum (AVF), Orlando, Flórida, em 1993, o Dr. John Porter, debateu sobre a necessidade de um padrão para a classificação das doenças crônicas venosas (DCV), onde ele sugeriu que fosse realizada uma adaptação do sistema TNM de estadiamento de canceres, para a área vascular, no entanto não foi aceito, mas se iniciou um debate sobre uma futura classificação padronizada.

Em fevereiro de 1994, em Maui, Hawaii, EUA, durante a Conferência do Consenso da 6ª Reunião Anual da American Venous Forum, foi instaurado um comitê internacional, onde era presidido pelo cirurgião cipriota Andrew Nicolaides, no elenco desse grupo, haviam representantes de inúmeras nacionalidades, como americanos, australianos, diversos europeus entre outros.

Classificação CEAP

Por fim, o comitê da AVF desenvolveu a Classificação CEAP para doenças vasculares, onde o CEAP significa (C:Clinical / E:Aetiological / A:Anatomical / P: Pathphisiologic), que foi dividida em duas partes, onde a primeira era a Classificação das Doenças Crônicas Vasculares, e a segunda foi um sistema de pontuação de acordo com a gravidade das DCV.

Desde a sua publicação, em 1995, a Classificação CEAP foi amplamente divulgada, sendo publicada em 25 periódicos e livros, em 8 idiomas, tornando-se um documento universal para padronização das doenças vasculares. Em uma rápida pesquisa no MEDLINE , encontra-se aproximadamente 870 citações.

Durante o 40º Congresso Mundial da União Internacional de Flebologistas (UIP) em Roma, 2001, uma conferência de especialistas sugeriu definições e refinamentos da classificação clínica do CEAP, tendo em vista a ampla crítica dada a classificação CEAP atual, principalmente sobre o questionamento de falta de histórico vascular ou nenhum escore de varizes, além da heterogeneidade em relatar alguma alteração venosa.

Em abril de 2002, um comitê foi nomeado pela AVF para revisarem a classificação CEAP. Após isso, fizeram recomendações de mudança, que culminou em um comitê internacional criado para garantir a universalidade. Em 2004 foi publicada uma classificação revisada do CEAP, onde foi declarado que a classificação do CEAP trata de todas as formas de DCV. A revisão do CEAP incluiu refinamentos de diversas definições utilizadas na descrição da DCV e das classes C do CEAP. Além disso, o descritor n, ou seja, nenhuma anormalidade venosa identificada, adicionando a data de classificação e o nível anatômico da investigação clínica foram incorporados ao documento, além de oferecer uma alternativa mais simples à classificação CEAP completa (avançada).

Desde a revisão de 2004 do CEAP, tornou-se evidente que a classificação revisada ainda é limitada em algumas áreas, e há necessidade de nomenclatura mais precisa, melhor descrição das propriedades dos exames diagnósticos e melhores definições da patologia subjacente.

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