Consequências de uma pandemia

O efeito chicote é o resultado da diferença entre a demanda real e a demanda prevista, quando as empresas da cadeia de suprimentos tentam atender à demanda enquanto mantêm a oferta. Podemos analisar um exemplo de efeito chicote após a chegada da pandemia de COVID-19 ao Brasil em março.

Um dos primeiros produtos que sumiu das prateleiras foi o álcool em gel. O produto é utilizado para higienizar as mãos contra o vírus, logo as matérias-primas necessárias para produzir o produto estavam em falta, o mesmo caso aconteceu com as máscaras. O preço desses produtos aumentou em até 10 vezes. Mas em curto prazo as indústrias se adequaram e os estoques desses produtos já normalizaram. A produção de álcool em gel não é complexa, mas o maior desafio estava em um ingrediente espessante, que transformava o álcool líquido em gel, mais adequado para a limpeza das mãos. Por conta da alta demanda, as empresas não estavam preparadas, o que afetou a cadeia de suprimentos, ocasionando o efeito chicote.

O efeito chicote está relacionado com a amplificação e variabilidade entre a demanda real e a demanda prevista que se propaga até na cadeia de suprimentos. Por meio da Dinâmica de Sistemas, é possível analisar o efeito chicote como uma consequência da falta de exatidão da informação e inexistência de transparência ao longo da cadeia de suprimentos. A falta de concatenação do plano de produção com dados reais a respeito da demanda, pode gerar excesso de estoque e a consequente perda de receita, fracasso em relação ao serviço prestado ao cliente e geração de custos adicionais e desnecessários.

As ideias relacionando o efeito chicote com o comportamento racional dos agentes participantes da infraestrutura de uma cadeia de suprimentos. É possível afirmar que as empresas que desejam o controle do efeito chicote devem focar na modificação da infraestrutura da cadeia, dos processos relacionados e comportamento dos tomadores de decisão.

O efeito chicote tem quatro causas básicas:

1. Atualização da demanda. Essa causa ressalta a necessidade dos membros da cadeia compartilharem informações para evitar a indução de erros na demanda real. O uso de sistemas EDI (Electronic Data Interchange) pode facilitar e agilizar a transmissão de informações ao longo da cadeia;
2. Jogo do racionamento. Ocorre quando a demanda excede a oferta, os produtores racionam a oferta de seus produtos aos clientes, liberando aos clientes apenas uma quantidade proporcional à quantidade demandada;
3. Processamento de ordens. Refere-se às políticas de dimensionamento das ordens de pedido de compras ou de produção em cada elo da cadeia, em especial no uso do chamado lote econômico;
4. Variação de preços. As flutuações de preços de origem macro econômicas e políticas, bem como as promoções de vendas, que acabam provocando uma variação de preços ao longo da cadeia de suprimentos, sugerindo que é possível mitigar o efeito chicote na cadeia por meio do compartilhamento de conhecimento ou informações com fornecedores e consumidores para melhorar a estimativa da demanda.
Recomenda-se o trabalho conjunto entre os membros da cadeia para determinar a possível causa do efeito por meio das parcerias estratégicas, além da utilização de tecnologia de informação que permitam aumentar a velocidade de comunicação, reduzir o tempo de resposta (lead time) e, assim, ter maior assertividade nos pedidos. Em outras palavras, deixar de conduzir as atividades produtivas com base em previsões e torná-las orientadas pela demanda. Uma questão é a complexidade da mensuração do efeito chicote.

No entanto, eles sugerem:

1. Em cada camada ou elo a base de desagregação das informações deve ser a mesma;
2. As medidas devem ser feitas em cada camada separadamente, tal que os eventuais benefícios de soluções parciais possam ser comparados com os benefícios das soluções mais amplas;
3. As medidas precisam ser filtradas, tal que possam ser separadas as diversas causas do efeito todo. Acrescenta ainda que ao estudar as amplificações da demanda em uma cadeia de suprimentos devem-se separar os fatores que disparam causas raízes e os fatores que simplesmente amplificam a variação e amplitude da demanda.

Para evitar o ‘efeito chicote’: suavizar a demanda; desenvolver sistemas com flexibilidade de resposta; definir claramente o papel dos estoques e; reduzir o número de pessoas que influenciam a demanda. Por conta disso, um elemento crítico para uma integração bem sucedida é desenvolver sistemas de medição de desempenho que reflitam essas mudanças e permitam a avaliação de seu progresso e impacto na competitividade empresarial. Pesquisadores têm relacionados desempenhos da cadeia de suprimento com dinamismo industrial e logística. Tempo de atraso no atendimento ao pedido, provisão de estoque de segurança, problemas de segurança na comunicação e falhas de previsão são exemplos de medidas do ‘efeito chicote’. As medidas de desempenho são processos que têm por objetivo quantificar ações, buscando a satisfação dos clientes da forma mais eficaz e eficiente quando comparado às organizações concorrentes.

A ocorrência sequencial e permanente de medidas de desempenho (métricas apropriadas), medição do desempenho (processo adequado de medição) e sistemas de medição de desempenho (relacionam as métricas e processos com as tomadas de decisões e respostas adequadas). Desta forma a eficiência dos níveis redunda na eficácia do sistema. O conceito é melhor compreendido quando se utiliza o conceito de prioridades competitivas. Para tanto, sugerem prioridades competitivas escalonadas em cinco categorias: qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo. 5 Outras medidas de desempenho podem ser utilizadas como as sugeridas pelo ECR (Efficiente Consumer Response), que é um programa de melhoria da qualidade dos serviços prestados aos consumidores bem como as provenientes do CPFR (Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment), que é um conjunto de procedimentos para estabelecer padrões para melhorar o fluxo de informações entre os parceiros de negócios.

Em contexto de cadeia de suprimentos, as medidas de desempenho integradas, consistentes e condizentes com as funções da empresa foco em harmonia com as demais empresas membros da cadeia. Todavia, o problema principal reside na diversidade de métricas e medidas de desempenho eficazes para alcançar a plenitude da gestão.

Bens de Covid-19

Todas empresas produtoras de bens de consumo seja o álcool em gel/líquido, máscaras, luvas e outros produtos que ficaram em alta nos últimos meses, por conta do aumento excessivo da demanda em um curto espaço de tempo e isso é um dos grandes problemas enfrentados por conta de trabalharmos com variações de pedidos a curto prazo sem tempo de reação e por conta de ter fornecedores em diversas localidades do mundo, apesar de se trabalhar com EDI e ordens firmes para um determinado período de tempo os clientes ainda enviam diversas consultas para atendimentos que não estavam no radar deles, percebe-se que o efeito chicote vem sendo transferido de forma transitória os clientes buscam por mais produtos, as lojas aumentam os pedidos e variação de modelos no qual é passado aos seus fornecedores que por sua vez se transmite para seus respectivos fornecedores e assim vai indo até que se possa tomar a decisão de resposta para dizer se é possível atender ou não a eventual demanda, todavia é adotada diversas estratégias para se atender esses pedidos e aumentar a receita líquida da empresa sem que se prejudique as demandas já estabelecidas por outros clientes.

Uma estratégia que custa um pouco mais caro porém garante bons negócios foi a política de se trabalhar com Buffers, que se trata de um estoque de segurança de produtos “pré-montados “ que são cabíveis de uso em uma gama maior de clientes para que quando enfrentarmos o famoso efeito chicote possamos ter tempo de resposta que atenda a necessidade do nosso cliente.

Entretanto nada seria possível se a cadeia de fornecedores não for de boa qualidade e que cumpra com suas promessas de prazos e garanta a qualidade de seus serviços e bens, para isso faz-se necessário adotar medidas de classificação de desempenho de todos fornecedores classificando-os de A a D. Onde “A” temos um fornecedor com produtos de qualidade e que atende todos os prazos acordados e “D” um fornecedor com produtos que gerem problemas de qualidade frequentes, a partir dessa classificação podemos mensurar e definir para o fornecedor que a partir do momento que ele se torna um “C” tendo de 1 a 3 atrasos no mês, ele já se põe em risco de ser descartado como fornecedor e compras já começa a atuar com possíveis novos fornecedores. Assim motivamos a competição e evolução de nossos fornecedores em prol da qualidade dos produtos e do atendimento.

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